[Resenha] VERITY - Collen Hoover

Verity é o primeiro thriller psicológico da escritora Colleen Hoover e foi publicado pela editora Galera em 2018.

O livro é narrado em primeira pessoa por Lowen Ashleigh, uma escritora pouco conhecida e com dificuldades financeiras que acabou de perder a mãe e precisa urgentemente de dinheiro. O enredo começa quando é dada à protagonista a oportunidade de terminar uma aclamada série de suspense cuja autora sofreu um acidente, e essa autora é Verity. Jeremy, seu marido, entra na história para representar a esposa e mediar essa situação. Em pouco tempo ele convence Lowen a aceitar a proposta e recebe-a na casa de sua família, mas é aí que as coisas ficam complicadas…

“Eu vejo o telhado primeiro enquanto subo a colina: cinza ardósia como uma nuvem de tempestade furiosa. (...) Pedra escura atravessa a frente da casa, quebrada apenas pela porta vermelho-sangue, o único relevo de cor neste mar de cinza. Hera cobre o lado esquerdo da casa, mas em vez de encantador, é ameaçador - como um câncer lento. (...) Minha mãe costumava dizer que as casas têm alma e, se isso é verdade, a alma da casa de Verity Crawford é tão escura quanto é possível.”

Chegando à casa, Lowen descobre a real dimensão dos ferimentos de Verity e se debruça não apenas sobre o seu trabalho, mas sobre a vida pessoal e os segredos daquela família. Quando Lowen descobre uma autobiografia secreta de Verity, ela fica cada vez mais desconfiada do passado dessa família, de Verity e, principalmente, da segurança de todos naquela casa. Talvez o melhor desse livro seja justamente a possibilidade de lermos o manuscrito como parte da história e, junto à protagonista, mergulharmos na misteriosa mente de Verity.

Quanto mais lê, menos Lowen quer descobrir, já que acaba encontrando verdades absurdas nessas páginas. No entanto, a tensão dentro da casa torna-se cada vez mais intensa e logo ela se vê impelida a ler todo o manuscrito, buscando, assim como nós, por respostas.

Sobre o livro

Foi uma leitura muito mais rápida do que eu imaginava. Assim que me apeguei ao enredo, não conseguia mais largar e terminei o livro em cerca de dois dias. Digo “me apegar ao enredo” porque, nas primeiras páginas, a narração da personagem principal era um tanto tediosa. Isso provavelmente acontece por ela mesma se ver como uma pessoa tediosa e ter certos problemas de sociabilidade. Porém, a sua postura passiva com absolutamente tudo foi algo que me fez questionar a eficiência da personagem em uma narrativa de suspense e pensar duas vezes antes de continuar a leitura.

De qualquer forma, ainda bem que continuei, caso contrário teria perdido uma história incrível e super envolvente. O clima de suspense é muito bem desenvolvido; cada pequena descoberta motiva o leitor a querer saber mais e o faz terminar o livro sem nem perceber. Além disso, o thriller psicológico é constante. Dessa forma, tanto a protagonista quanto o leitor - os únicos conhecedores do conteúdo do manuscrito - entram num estado de alerta constante e se veem capazes de desconfiar até da própria sombra - digo por experiência própria, haha!

“O que você lê vai ter um gosto tão ruim às vezes, que você vai querer cuspi-lo, mas você vai engolir essas palavras e elas se tornarão parte de você, parte do seu íntimo, e vai se machucar por causa delas.”

Embora todos os personagens sejam apresentados profundamente, é maravilhosa a forma como a autora confunde a nossa mente a todo instante quando se trata de Verity. Mostrando diferentes facetas da mesma Verity, sua complexidade é tão explorada quanto a dos demais personagens, mas, ainda assim, ela permanece atrás de um véu de dúvida, suspeita e dualidade traçada desde o início.

Durante a leitura meu coração foi a mil algumas vezes e, claro, criei mil teorias, mas nenhuma foi páreo ao final que Colleen Hoover reservou para essa trama. Portanto, Verity vale muito a pena ser lido, mas aviso de antemão: é bom que você esteja preparada(o) para fortes emoções.

E fim de história!